Sento no sofá na minha casa vazia, meus cachorros entram quando abro a porta da sala. Mas eles querem atenção, e eu também. Eu posso dar atenção à eles, mas e quem dará a mim? Agora a pouco a casa estava cheia, e meu coração tranquilo. Todo mundo conversando, rindo. Mas agora que anoiteceu, é como se não tivesse nada dentro de mim, e faz tanto silêncio que sou capaz de ouvir o som da minha solidão. Lembrei que desde criança eu tentava de todas as formas não sentir tanta tristeza aos domingos, eu lia, dormia, assistia TV, mas sempre foi assim. Um vazio sem fim e interminável. Me sinto tão só. Depois que sai da casa de mamãe me sinto mais ainda assim. E às vezes me apego somente a lembranças em uma tentativa frustada de me sentir melhor. Meu cachorro me olha com cara de piedade, e se enfia debaixo da minha mão. Ele quer carinho. Eu também. Pego ele no colo e dou-lhe um abraço tão forte que ele chora, e vai para o chão. As coisas estão espalhadas pela sala, tudo está uma bagunça. Estou com fome, mas comer sozinha é tão triste. Acho que vou ler. Ou talvez só deitar na minha cama, e me cobrir inteira, quem sabe assim eu me escondo dessa angústia. Quem sabe assim eu posso imaginar e viver em pensamento o domingo perfeito. É tão triste e solitário. Em meios a tantos pensamentos, chorei. E quando dei por mim, senti uma mão secando minhas lágrimas. Sabe aquela lágrima que a gente nem sente saindo? É tão natural que você não consegue nem controlar?! Olhei para você, não conseguia responder o por quê da minha tristeza. Mas mesmo assim você me abraçou e me afagou o cabelo, me fez lembrar que não estou sozinha. E disse que me amava. Me senti melhor, mas meus sentimentos ainda estavam circulando soltos em meu coração. Será que vai ser a vida inteira assim? Todo fim de domingo uma tristeza sem fim?!